"É evidente que nós vamos pagar. Tem uma solução temporária. Se a guerra da Ucrânia continua, prorroga o estado de calamidade e aí você continua com R$ 600", disse o ministro, que saiu em defesa das promessas do presidente, após evento no Rio de Janeiro.
Em junho, uma ala do governo Bolsonaro defendeu um novo decreto de calamidade pública -situação excepcional que vigorou durante a crise de Covid-19.
No entanto, a opção enfrentou resistência de diversos técnicos (sobretudo do Ministério da Economia), que não viam no conflito na Europa uma justificativa plausível para uma medida tão drástica.
A solução encontrada foi a instituição do estado de emergência via PEC (proposta de emenda à Constituição), que permitiu ao governo furar o teto de gastos e abrir os cofres públicos para o pagamento de benefícios sociais turbinados à população a poucos meses das eleições.
A autorização dada pela PEC se estende até o fim do ano. Por isso, tecnicamente não há como prorrogar o estado de emergência sem a aprovação de uma nova PEC -saída rechaçada nos bastidores por técnicos que preferem o encaminhamento de uma solução estrutural.
Segundo o último Datafolha, publicado em agosto, Bolsonaro continua em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O envio do Orçamento com um valor menor para o Auxílio Brasil tem sido explorado pela campanha petista como um fator para desgastar a imagem de Bolsonaro.
A mensagem presidencial encaminhada junto com o projeto orçamentário contém a promessa de Bolsonaro de buscar a retomada dos R$ 600, mas sem detalhar como isso será feito.
Na proposta de Orçamento, foram reservados R$ 105,7 bilhões para o programa Auxílio Brasil, o suficiente para bancar o piso de R$ 400 a 21,6 milhões de famílias. Segundo o Ministério da Economia, o benefício médio ficará em R$ 405,21.
Para manter o Auxílio Brasil de R$ 600 caso o conflito no Leste Europeu chegue ao fim, Guedes disse ser preciso ter uma solução estrutural e permanente.
"A Câmara já aprovou o imposto sobre lucros e dividendos. Isso daria R$ 69 bilhões. Ou seja, dá perfeitamente para fazer um reajuste da tabela de IR (Imposto de Renda) de R$ 17 bilhões e mais os R$ 52 bilhões do auxílio. Se fizer isso, está tudo certo", afirmou.
No entanto, a reforma do Imposto de Renda, que, entre outros pontos, retoma a tributação sobre lucros e dividendos distribuídos a pessoas físicas está parada no Senado.
Fonte: Folhapress (NATHALIA GARCIA E IDIANA TOMAZELLI)
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